Tinha eu nove anos
A gente corria
Eu voltava da escola
Papai de sua lida no trabalho
Ambos na chuva fria...
Chovia
Chovia muito...
Eu pequenina
Buscava o ar
Sem fôlego e bebendo água da chuva
Parecia que
Logo iria me afogar
Chovia
Como chovia...
A gente corria
Os ônibus de gente apinhados
O guarda-chuva quebrado
Tínhamos que pegar lotação
Já era muito tarde
Muito tarde de uma tarde fria
Chovia.
Como chovia...
O “carro lotação” não parou
Pegamos o primeiro ônibus que passou
Fiquei meio, que “pendurada na porta”
Afinal, com gente pobre me diga quem
Quem é que pelo menos um pouquinho
Importa-se.
Dos males, o menor
Dentro do ônibus havia calor
Calor da pobreza humana
Que compartilhava a febre
Febre da “falta de dinheiro”
Coisa que é bem comum
Em cidades do mundo inteiro
Chovia...
A chuva estava fria
Já era noite
Chegamos em casa
Tinha terminado o dia.
E chovia
Como chovia...
Mariinha 30/07/2013